
Cheio de nada
Sinto
Sinto vontade de chorar de arrancar essa solidão e entregar nas tuas mãos como se entrega uma rosa. Mesmo com espinhos, com imperfeições, um presente pra mim mesma, um carinho. Sinto que só sinto, que um dia esse vazio de algo dentro oco, oco, algo intocável, inocentemente virgem. Digo-te, quero o meu coração de volta, solidão. Devolva-me, por favor. Posso te dizer que a vida continua, mas estaria eu mentindo, a vida lá fora continua. Meu corpo ainda presencia a tua falta, faminto: fome de abraço, de beijo, de calor, de conversas na madrugada, de telefonemas piegas.
Quero mostrar ao mundo que estou vazia, mas é um buraco, um poço cheio de nada, que não aparece mais, se tornou parte de mim, virou um tumor, que fragiliza, assusta que me deixa temerosa sobre o dia que pode vir ainda. Devolve minha paz interior minhas noites tranquilas, meu coração pulsante.
Devolve.